RDS do Juma finaliza atividades anuais de monitoramento da biodiversidade 

Processo, que acontece pelo sétimo ano seguido, busca acompanhar situação da fauna na Unidade de Conservação

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma, situada no município Novo Aripuanã (a 227 quilômetros de Manaus), finalizou, no período de 19 de julho a 2 de agosto, o monitoramento anual da biodiversidade da Unidade de Conservação (UC). A atividade, que acontece pelo sétimo ano seguido na área protegida, tem o objetivo de acompanhar e analisar possíveis mudanças no ambiente.

A iniciativa faz parte do Programa de Monitoramento da Biodiversidade e Uso Sustentável de Recursos Naturais (Probuc), realizado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), com apoio financeiro do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). 

Durante os trabalhos, os monitores coletam dados biológicos da RDS, com o intuito de determinar as mudanças no ambiente, ao longo do tempo. São catalogadas as borboletas frugívoras, além de mamíferos e aves, em três trilhas presentes na Unidade de Conservação. Os dados obtidos são registrados no banco de dados da Sema, permitindo a análise contínua da biodiversidade na área.

“As espécies selecionadas são indicadores biológicos, seja do nível de conservação, de proteção da UC, de perturbação do ambiente, por isso a importância do monitoramento anual. Este é o nosso sétimo ano de coleta, e agora estamos trabalhando para tabular os dados, para que seja feita a análise dos resultados destes anos de monitoramento”, explica a gestora da Reserva, Khimberlly Senna. 

Neste ano, além da coleta de dados nas trilhas amostrais, foi construída a primeira chocadeira para iniciar o monitoramento de quelônios na RDS. A estrutura reproduz o habitat natural dos ovos, que passarão a ser coletados para incentivar a proteção da espécie.

A coleta dos ovos será realizada nos tabuleiros (praias onde ocorre a desova). De lá, os ovos serão transportados e implantados na chocadeira, onde ficarão até a sua eclosão. Após isso, os filhotes serão realocados em berçários (tanques), onde permanecerão de dois a três meses, até que estejam com o casco mais resistente, para aumentar as chances de sobrevivência na natureza.

Para a atividade, foi realizada uma integração com monitores da RDS do Rio Madeira, que abrange os municípios de Novo Aripuanã, Borba e Manicoré. É o que explica a gestora da reserva, Amanda Gomes. 

“Foi uma oportunidade de troca de experiências entre os comunitários, já que os moradores do Madeira ainda não realizam o monitoramento de aves, mamíferos e borboletas frugívoras. Eles aprenderam um pouco mais sobre as metodologias e também ensinaram os moradores do Juma sobre o monitoramento de quelônios, atividade que realizam há cerca de 5 anos”, explicou.

Monitoramento da biodiversidade

Na RDS do Juma, estão sendo monitoradas três trilhas de amostragem em regiões do rio Aripuanã. Cada trilha tem em média cinco quilômetros de comprimento e, no máximo, um metro de largura. 

O monitoramento de borboletas frugívoras, mamíferos e aves é anual. Cada região possui um catálogo de animais já avistados. Por meio de formulário, os monitores ambientais identificam esses animais ou registram novas espécies, analisando também a quantidade observada.

Neste ano, foi registrada a ocorrência de espécies como o veado-roxo (Mazama nemorivaga), a anta (Tapirus terrestris), e a queixada (Tayassu pecari), mamíferos que não são vistos com frequência nas trilhas.

Riqueza ecológica

A região situada nas proximidades do baixo rio Aripuanã, onde está localizada a RDS do Juma, destaca-se como um dos pontos mais notáveis da Amazônia, no que se refere à preservação da biodiversidade. A área é de extrema importância para a conservação, especialmente no que concerne a aves e mamíferos, devido à sua rica diversidade de espécies, distribuição de endemismos nas margens opostas do rio e a existência de uma notável e extensa vegetação de campos abertos. 

Cerca de 242 espécies vegetais já foram identificadas na área. Entre os mamíferos, foram identificados 21 tipos de micos, saguis e macacos, o que representa a mais alta diversidade de primatas em todo o planeta. Mais de um terço de todas as espécies de aves do Brasil podem ser encontradas nessa localidade, já tendo sido catalogadas aproximadamente 400 variedades.